O cérebro humano: uma máquina poderosa e lenta

O cérebro humano é composto por aproximadamente 86 bilhões de neurônios que se comunicam de forma complexa. Apesar de décadas de pesquisas, muito do funcionamento cerebral ainda é um mistério. Um novo estudo revelou que, embora poderoso, o cérebro processa pensamentos a uma velocidade surpreendentemente baixa em comparação com a tecnologia moderna.

Segundo a revista Neuron, o cérebro humano opera a apenas 10 bits por segundo, enquanto uma conexão de internet média no Brasil alcança velocidades de download de 183,56 megabits por segundo (mbps). Para colocar isso em perspectiva, uma chamada telefônica utiliza 64 mil bits por segundo. Essa comparação destaca a disparidade entre o processamento humano e a tecnologia.

Como os cientistas medem a velocidade do pensamento?

Os desafios da análise cerebral

Os pesquisadores chegaram ao número de 10 bits por segundo analisando estudos sobre feitos humanos, como digitação e resolução de cubo mágico. Um digitador profissional, por exemplo, pode teclar 120 palavras por minuto, um desempenho que reflete o limite do processamento cerebral em situações conscientes.

Embora nossos sentidos possam captar estímulos em uma taxa de 10 mil mbps, o cérebro processa conscientemente apenas uma fração disso. Essa filtragem seletiva é necessária para lidar com o volume massivo de informações recebidas a cada momento.

Exemplo prático: cubo mágico com os olhos vendados

Uma atividade que exemplifica a velocidade do pensamento é a resolução de cubo mágico com os olhos fechados. Nesse desafio, os competidores analisam o cubo antes de vendarem os olhos e resolvem o quebra-cabeça apenas com base no planejamento mental. Mesmo nessa tarefa, a velocidade de processamento não ultrapassa 12 bits por segundo.

Por que o pensamento humano é tão lento?

Os pesquisadores sugerem que o ritmo lento do pensamento humano é um reflexo da evolução. Nossos ancestrais viviam em um mundo onde processar 10 bits por segundo era suficiente para a sobrevivência. No entanto, o mundo digital de hoje opera em velocidades muito superiores, desafiando as limitações do cérebro humano.

Outra hipótese aponta que muitas atividades cerebrais ocorrem fora da consciência, como manter o equilíbrio ao andar ou ajustar a respiração. Se essas funções fossem incluídas no cálculo, a taxa de bits seria significativamente maior.

A velocidade é tudo? Nem sempre

Estudos mostram que um ritmo mais lento de processamento pode ser vantajoso para a aprendizagem. Por exemplo, escrever à mão, embora mais demorado que digitar, ajuda a fixar melhor as informações no cérebro. Essa descoberta sugere que, em algumas situações, ser mais lento pode ser uma vantagem.

Além disso, o uso de múltiplos sentidos e habilidades motoras durante tarefas cognitivas pode maximizar o desempenho cerebral. Isso reforça a ideia de que a qualidade do pensamento muitas vezes supera a velocidade.